Nem toda
identidade deriva da memória, mas as identidades mais profundas, aquelas que
parecem mais naturais e indiscutíveis, são as fundadas no passado e garantidas
por ele. Norberto
Luiz Guarinello
Viçosa do
Ceará fica localizada na Serra da Ibiapaba em meio ao semiárido nordestino na
região norte do Ceará. Viçosa fez parte do território da antiga Aldeia da
Ibiapaba (1700-1759) que foi fundada por padres da Companhia de Jesus e por
mais de meio século abrigou grande contingente indígena da região. A catequese
implantada pelos jesuítas ainda pode ser vista na forte religiosidade da
população, um catolicismo popular que mescla elementos da fé católica e
elementos indígenas, ou seja, um catolicismo caboclo.
Por ter
sido aldeia indígena e depois vila de índios Viçosa traz em suas raízes essa
cultura que não foge ao bom observador. Pois podemos observar fortes traços na
cultura local bem como traços físicos em seus habitantes, além da toponímia
localidades que trazem nomes tupis ou nomes de santos revelando dois elementos indenitários:
o passado indígena e o catolicismo trazido pelos jesuítas.
O
vocabulário local também traz as marcas tupis com uma série de palavras
oriundas dessa língua: culumim (curumim), cunhã (moça, mulher), caboclo (mescla
de branco com índio) sendo estas bem recorrentes no cotidiano viçosense.
Mas há um
silêncio que paira sobre este passado indígena, chamarei de silêncio indentitário,
pois muitos negam essas raízes e suas marcas, mesmo que as vivam não querem ser
associados aos indígenas, pois parece um passado não tão glorioso e até mesmo
selvagem. Não os culpo, pois por séculos houve uma tentativa de se apagar este
passado, no século XIX chegou-se a se afirmar que no Ceará não havia mais
índios. Por anos indígenas negaram suas identidades na tentativa de ingressar
no chamado mundo civilizado.
Por isso
esse silêncio secular ainda nos ronda, pois a visão de senso comum ainda ver o
índio sob olhares estereotipados, mas a recente historiografia tenta romper com
isso, pois acreditamos que somente com o conhecimento da história dos povos
indígenas de sua cultura e suas lutas poderemos responder sem receio as
perguntas: Quem somos? Que povo é esse
que habita o topo de uma serra de cultura tão singular?
Muito interessante, para vc e para o seu município.Gostei do seu interesse pelo patrimônio de Viçosa.
ResponderExcluirjuy6tr
ResponderExcluirboa abordagem
ResponderExcluirobg ajudou muito no meu trabalhooo
ResponderExcluirMuito bom seu artigo, Carla.
ResponderExcluirO conhecimento da história é fundamental para a atual geração!