Google imagens
|
Saldo
a torneira seca
(mas pior: a falta
de sede)
a torneira seca
(mas pior: a falta
de sede)
a luz apagada
(mas pior: o gosto
do escuro)
(mas pior: o gosto
do escuro)
a porta fechada
(mas pior: a chave
por dentro)
(mas pior: a chave
por dentro)
No poema acima José Paulo Paes nos leva a uma profunda reflexão sobre a liberdade. Liberdade, esta palavra que nos é tão cara a qual, segundo Sartre, estamos condenados. A liberdade é uma condenação porque mesmo que fujamos dela ainda assim estamos praticando-a, pois só uma pessoa livre pode escolher pela não liberdade. Retomando o poema podemos imaginar um lugar com uma luz, porém apagada e dentro deste recinto existe um sujeito que pode aceder esta luz e é aí que reside a liberdade: você pode escolher esforça-se para aceder, sair da zona de conforto, ou simplesmente acostumar-se com o escuro e até aprender a gostar. Sou professora e durante o dia paro muitas vezes para refletir sobre isto. Só lembrando que dentro da tradição ocidental o conhecimento é representado pela luz e nossa função enquanto herdeiros do Iluminismo é levar esta luz à escuridão, porém o que fazer quando o outro gosta do escuro? Ele está exercendo seu livre arbítrio para continuar na escuridão (ignorância). Mas pode uma pessoa conscientemente optar pela ignorância? Basta olhamos para o caos que nosso país está mergulhado, colocar a culpa só na ignorância é retirar a responsabilidade de quem optou por ela. Em tempos de escolarização e conhecimento gratuito ser ignorante é sim uma escolha que nos custa muito caro. Ignorante não é quem por algum motivo não pode aceder a luz, ignorante é quem teve a oportunidade de fazer e não o fez.
Nenhum comentário:
Postar um comentário