Dia do índio real

                                    

                                            

Ao lemos os textos de historiadores cearenses, veremos uma interação conflituosa e dinâmica constante entre os indígenas e o Estado, quer seja ele colonial, imperial ou republicano. Suas lutas foram silenciadas oficialmente. Para o Estado seria bem mais cômodo que os índios desaparecessem, resolveria a questão das terras dos antigos aldeamentos. Em 1860 o presidente da província do Ceará chegou a afirmar por meio de documento oficial que os indígenas cearenses encontravam-se incorporados em meio à população civilizada. Isso muito interessava aos setores dominantes para a apropriação de suas terras.                                      

Estes mesmos índios “extintos” reivindicavam por suas terras como nos mostram os documentos do período. A emergência étnica dos últimos anos vem por em xeque essa falsa verdade. Atualmente o Ceará conta com várias tribos indígenas reconhecidas por lei. “O movimento indígena menciona 13 povos em 16 municípios, e há organizações não-governamentais e pesquisas que apresentam número que variam entre 17 e 18 povos. O IBGE (2006) estimou uma população de 21.015 indígenas no estado [...]” (AIRES: 2009,45). E um documento produzindo pelo movimento indígena indica que a população indígena do Estado já supera 23 mil indígenas devidamente cadastrados pela FUNASA. 

19 de Abril é dia do índio, não do índio mítico da literatura, nem do índio atemporal, mas do índio real que luta por suas terras, por seus direitos. Dia do índio  brasileiro. Que seja um dia de reflexão sobre o lugar destes sujeitos na sociedade, na história. Nada de esteriótipos.