segunda-feira, 4 de setembro de 2017

História x Superficialidade

Google Imagens 
Vamos imaginar que você está numa praia olhando o mar: um lençol azul de cetim. Vê, ainda, algumas pequenas ondas e sua espuma. Mas, será isso o oceano? Não. Nele, aquilo que não está visível é o que conta. Correntes submarinas arrastam seres vivos, correntezas provocam redemoinhos, o fundo do mar fervilha de criaturas, marés vêm e vão, trazendo e levando coisas. A história cabe como uma luva nessa imagem. Por vezes, o que vemos na superfície dos fatos, únicos e espetaculares – Proclamação da Independência, Abolição da Escravidão etc.-, encobre um mundo invisível feito de milhões de personagens anônimos, pequenos gestos repetitivos, objetos do cotidiano que esquecemos. A superfície lisa encobre movimentos profundos que ajudam a compreender o passado.  Mary Del Priore


Aqueles que não conhecem a história estão fadados a admirarem apenas a superfície dos fatos, a discuti-los sem reflexão, repetir discursos cristalizados e quem sabe até ensiná-los. A história é uma ciência profunda que requer análises e leituras profundas. A popularidade da história no cinema e novelas por vezes pode levar o público mais leigo a uma análise superficial. Conhecer a história, portanto, é mergulhar na imensidão de seu oceano e perceber que fatos não se constroem do dia para a noite, que para que um grande império como Roma caísse foram necessários anos e anos de pequenos acontecimentos que acumulados culminaram com aquele fato. Quando a questão é a história do Brasil muitos fatos são celebrados sem que haja uma análise mais historiográfica sobre os mesmos, infelizmente ainda não conseguimos romper por completo o paradigma da decoreba em nossas escolas, embora venhamos trabalhando muito encima disto, o que leva superficialidade da comemoração de fatos tais como a Independência do Brasil que segundo a história tradicional teria se dado no dia 7 de Setembro nas margens do Rio Ipiranga por um valente príncipe. Em quais circunstâncias? Quem de fato usufruiu desta independência? Qual a participação da população? Como a imagem independência foi forjada e para servir quais interesses? Respostas para tais perguntas só poderão ser respondidas mediante uma leitura (na falta de um livro especializado um bom livro didático serve), porém a falta de leitura tem levado a erros de análise gritantes não somente sobre o assunto em questão, mas sobre tantos outros. Constantemente somos atacados, insultados e “refutados” por pessoas sem a qualificação acadêmica necessária que têm a certezas absurdas que nós com anos e anos de dedicação à ciência não ousamos ter. 

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