Apesar de sair na frente não
foi Portugal o primeiro a chegar à América, e sim a Espanha com o navegador
Cristóvão Colombo em 1492. O encontro com o Novo Mundo e seus habitantes foi
idealizado por muitos escritores, assim como pelo próprio Colombo. Segundo ROUANET: “Foi
sem dúvida Colombo o primeiro a relançar o antigo mito, reencontrando o bom
selvagem no Novo Mundo. Num cenário paradisíaco, com árvores luxuriantes, que
nunca perdiam suas folhas, flores e frutos maravilhosos, mel em abundância e
revoadas de pássaros canoros, entre os quais reconheceu o rouxinol europeu,
Colombo encontrou homens naturalmente bons.” No caso do Brasil podemos
considerar que Caminha foi o primeiro a idealizar a nova terra, ao analisarmos
sua carta podemos perceber o como o escrivão mostrou-se encantado com aquele
povo de índole boa: “A feição deles é serem pardos, um tanto avermelhados, de
bons rostos e bons narizes, bem-feitos. Andam nus, sem cobertura alguma. Nem
fazem mais caso de encobrir ou deixar de encobrir suas vergonhas do que de
mostrar a cara. Acerca disso são de grande inocência.” A crença dos europeus no
paraíso terrestre os levou a terem essa primeira visão dos povos americanos, os
quais viviam em estado natural como Adão e Eva antes de conhecerem o pecado a
respeito disto KOSHIBA ao analisar a Carta de CAMINHA comentam: “A bela
aparência do índio, à sua robustez, de corpo asseado, saudável, Caminha
relacionou imediatamente as aves e alimárias.” CAMINHA não economizou, apesar
disso, palavras para mostrar o seu encanto e espanto por essa vida,
surpreendente preservada em estado bruto. A leitura da carta em alguns trechos
chega mesmo a ser poética ao falar das belezas naturais e dos habitantes. O
encanto dos europeus com a nova terra é compreensivo, pois tudo que é novo
causa fascínio, ou mesmo curiosidade. Em todos os escritos fica claro o
estranhamento com a nudez indígena, pois era como se estes tão tivessem ainda o
conhecimento do pecado. Porém logo esta mesma nudez seria encarada como o
próprio pecado, e o estado natural nada mais seriam do que o estado de ausência
de regras, a barbárie, um mundo incivilizado. E eles: europeus, cristão e brancos
teriam o dever moral de levar a civilização a estes povos (altruísmo europeu) e se um “índio" por
acaso ousasse a perguntar o que é civilização? Eles evidentemente responderiam:
somos nós. Se a primeira visão é a que fica, no caso da América isso foi
exceção, logo os europeus tentaram impor seus valores civilizados ao Novo Mundo.
O velho mito europeu do Bom Selvagem
(índio bom, manso, ingênuo) ganharia espaço na América assim como o Bárbaro
(selvagem, brabo, inimigo da civilização) este paradoxo se fez na verdade um empecilho
para a compreensão do ameríndio como um ser humano normal, nem bom nem ruim,
apenas um ser humano movido por o ideal de sobrevivência. Nem Peris, nem
Iracemas, apenas homens tentando sobreviver.
Blog destinado a divulgar o conhecimento histórico, filosófico e literário além da História de Viçosa do Ceará sob a perceptiva da História Social.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Origem do feriado da Data Magna
Google imagens Data magna significa uma data de grande relevância. No estado do Ceará 25 de março é uma data magna, pois é um dia important...
-
Nem toda identidade deriva da memória, mas as identidades mais profundas,...
-
Google imagens Data magna significa uma data de grande relevância. No estado do Ceará 25 de março é uma data magna, pois é um dia important...
-
Google imagens Guimarães Rosa lindamente sintetiza o viver: “Viver é um rasgar-se e remendar-se...”. Quantas vezes fomos rasgados pelas c...
Nenhum comentário:
Postar um comentário